- Olha, o hospital é aqui à direita. Se calhar, é melhor ires já lá.
- Não é necessário. Depois logo se vê - disse eu tiritando de febre.
- Já estás com febre desde ontem. E também só podemos fazer o check-in às 16:00. Ainda faltam 2 horas.
- Hum... O.K. De facto, o ben-u-ron pouco ou nada tem feito.
Entrei e, até à sala de triagem, passaram apenas breves minutos. Sintoma aqui, pergunta ali, deu em pulseira amarela. Segui, então, para a sala de espera, com a febre a rondar os 39.5º, salvo na hora seguinte a tomar o tal do ben-u-ron. Aí descia para os 38º e alguns tostões.
Esperei... esperei... esperei...
- É melhor irem fazer o check-in e comer qualquer coisa. Ligo quando estiver despachada.
- E tu, não queres ir ali ao bar? Ainda não comeste nada hoje!
- Não consigo...
Esperei... esperei... esperei...
A sala de triagem recebia pessoas ininterruptamente, enquanto as salas 1 e 2 raramente [muito raramente mesmo] davam o ar da sua desgraça!
Esperei... desesperei... [Assim como todos os enfermos, que bufavam a cada Ermelinda Tavares... sala de triagem.]
Passadas cerca de 6 horas de dores, calafrios, suores e muito sono, plim... sala 2. Pergunta aqui, sintoma ali, conversa acolá, deu em radiografia à barriga e análises ao sangue e urina.
- Dê-me a sua mão. Tem umas veias muito boas - dizia ela, enquanto perfurava. - ... mas muito duras.
Lembrei-me do Shrek, na versão portuguesa!
- Pode aguardar na sala de espera. O Dr. chamá-la-á assim que tiver os resultados.
- Não me sabe dizer mais ou menos quanto tempo levará isso?
- Não.
Esperei... de tubo cravado na mão... Shrek outra vez... desesperei... A sala continuava a não estar apinhada.
- Então, que disse o médico?
- Nada. Estou à espera dos resultados das análises!
- Tens de ir comer qualquer coisa.
- Sim, vou ali ao bar.
Um bolo de arroz e muita água depois...
- Não vale a pena ficarem aqui. Vão jantar. Quando me despachar disto ligo. Talvez ainda vá a tempo do check-out!
Esperei... mais uma eternidade. Sala 2.
- Pois é... está a ver aqui a sua radiografia? blá blá blá As suas análises ao sangue mostram que tem uma infecção... está a ver aqui estes valores? blá blá blá Mas o estranho é que não se sabe onde! É muito estranho... Vou chamar o cirurgião. Aguarde aqui nesta sala (inha) de espera, que ele vem já.
- O.K. - disse eu, ligeiramente aterrorizada com a questão do cirurgião.
Esperei... esperei... Cirurgião. Palpação aqui, muita conversa de chacha ali:
- Por mim, pode ir para casa. Não é apendicite, nem qualquer outra coisa.
- Apêndice não é, certamente. Já o tirei há muito.
- Ora deixe lá ver... Oh, eu faço muito melhor! Quem é que a operou? blá blá blá Quando é que foi? E onde? blá blá blá.
E lá se foi o cirurgião. Esperei...
- Já sei que o cirurgião não encontrou nada. Vou mandá-la para a ginecologia.
Esperei... desesperei... na sala (inha).
Exame ginecológico feito. Tudo normal.
De volta à sala 2.
- Sinceramente, não sei de onde poderá vir esta infecção. Muito estranho. Ó Não-Sei-Quantos, vê lá aqui estas análises. blá blá blá
- De facto, é estranho. Faz a terapêutica habitual [para a febre] e, se houver alguma alteração, por mínima que seja, ela que volte cá. blá blá blá
Receita passada. Tubo retirado. Frio, sono, exaustão. Carimbo na receita. Quase meia-noite...
30 July, 2007
Altas Temperaturas
Pisado por bitter-sweet at 17:47
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3 comments:
E qual foi o diagnóstico, afinal?
Foi esse mesmo: infecção-vá-se-lá-saber-onde-mas-vai-para-casa!
Presumo que tenha sido uma qualquer virose. A febre baixou no dia seguinte, e passados 2 ou 3 dias já tinha recuperado.
Resta-me ir agora à médica de família ver se está tudo bem.
Welcome back.
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