05 September, 2007

Mais do que Sangue

Não consigo delinear-te no (tempo e no) espaço. Não consigo sequer ver-te sorrir. Lembro-me de tão pouco...

Sou peixes e tenho a memória de um. Sempre tive. Sempre foi estranha.

Recordo-me da nossa pequena bola branca... e de tu te descalçares, para que uma possível pisadela não fosse (tão) dolorosa. Os teus pés eram tão grandes, perto dos meus...

Recordo-me da excitação que era ir dormir a tua casa, da cumplicidade, da diversão. Lembro-me de sentir que me adoravas. Mas não consigo ver-nos... não consigo ouvir-nos... não consigo dar-nos vida...

Sou peixes e tenho a memória de um. Por isso, se voltássemos ao tempo dos pés descalços, guardaria tudo em caixas. Azuis, verdes - como sofrias com o teu Sporting! - brancas, fosse que cor fosse. Guardaria tudo. Tudo o que não tenho. Só fiquei com a bola... E com o vazio.

Já passaram tantos anos... Mas o mesmo vazio permanece, aguçado. Continua a doer. Continuas a fazer-me falta. Tanta...

Dói não te ter, mas sempre me doeu mais que tenhas tido (por) tão pouco tempo.

Uma parte de mim caiu contigo naquele dia. Para sempre.


Oh brother I can't believe it's true
I'm so scared about the future and I wanna talk to you
Oh I wanna talk to you


2 comments:

Angell said...

Better-Sweet,
A falta que nos fazem aqueles que amamos; e que já não estão conosco...

Mas tu lembras-te de algumas coisas; tens recordações e de alguma forma; eles vivem em nós!

Fica bem, e força!

Bjs!

P.S.: Também sou peixes...

bitter-sweet said...

Peixemos...